Gays e Príncipes da Igreja

As recentes declarações do cardeal D. José Saraiva Martins deixaram-me, como a muita gente, com alguma perplexidade, e sugerem-me mais que tudo algumas interrogações.

"a homossexualidade não é normal"

Porque é que o criador que é omnitudo criaria anormalidades? Deus terá dito "ide e multiplicai-vos" coisa que 2 pessoas do mesmo sexo estão (por enquanto?) impossibilitadas de fazer. E os heterossexuais que que podendo multiplicar-se optam pelo celibato e preferem não o fazer são normais?

Ou a homossexualidade não é uma coisa normal por não ser o mais habitual, por serem muito menos que os heterossexuais (cerca de 800.000 em Portugal)? E eleitores do CDS/PP (416.000 em 2005) são normais? E os sócios do FCP (102.000) são normais? E os padres (menos de 3.000 e diminuindo) são normais?

Quem lhe terá dado autoridade para julgar os outros em nome de deus? Terá procuração divina? ou será franchising?

«Porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe. E não de dois pais ou de duas mães»

«Quando se juntam dois homossexuais, eles ou elas, se há crianças, evidentemente, aquela união, aquele casamento, não pode providenciar a formação das crianças»

E os colégios e instituições só com rapazes e padres ou de meninas e freiras podem providenciar a formação adequada das crianças?

Essas crianças terão maior tendência para a vida clerical?

Esta constante atitude de julgar, condenar ou absolver os outros será uma qualidade?

inata ou adquirida? Um dom divino? Penso que é preciso ter serenidade e sobretudo muita calma. A igreja católica também demorou 1000 anos para decidir que as mulheres têm alma e uns 500 para decidir sobre os gentios escuros.

É provavelmente só uma questão de tempo ...

P.